P. Herbert Douteil CSSp
Jesus-Schriftzug am Flussufer
Diözese Cruzeiro do Sul / Brasilien

Missionsarbeit am Oberlauf des Amazonas

O bispo Ludwig Herbst CSSp morreu.
Cruzeiro do Sul, 1. Januar 2018

*23.11.1925 Bardenberg perto de Aachen - + 31.12.2017, Cruzeiro do Sul - AC

Brasão de armas Bishop
Dom Luis Herbst CSSp

Formação: 1936 entrada no seminário Menor dos Espiritanos em Broichweiden, 1943 – 45 serviço militar, tiro na cabeça na primeira entrada no campo de batalha

- 1946 primeira profissão em Menden/Sauerland

- 08.12.1951 ordenação sacerdotal em Knechtsteden

- 1952 enviado ao Brasil

- 1953 – 1967 trabalho missionário junto com Pe. Henrique Rueth, futuro bispo de Cruzeiro do Sul, em Porto Walter

- 1967 Vigário Geral da Prelazia do Alto Juruá

- 14.08.1979 nomeado Bispo Coadjutor de Cruzeiro do Sul

- 11.11.1979 ordenado bispo em Cruzeiro do Sul - Brasão bipartido: lado esquerdo: Pomba do Espírito Santo sobre o coração de Nossa Senhora – lado direito: Constelação do Cruzeiro do Sul sobre uma seringueira - Inscrição: VERITAS LIBERABIT VOS (a verdade libertar-vos-á Jo 8,32)

– 07.12.1988 assumiu todas as responsabilidades de bispo das mãos dos seu antecessor, cuidou de modo especial das vocações autóctones sacerdotais e religiosas, cumpriu com o maior desvelo os deveres de bispo

– 23.11.2000, completando 75 anos, pediu do papa sua demissão e entregou no –

- 07.01.2001 a administração da Diocese para Dom Mosé João Pontelo. – Dom Luis atendeu ainda por três anos a sua antiga paróquia de Porto Walter - A Fazenda da Esperança “Dom Luis Herbst” em Mâncio Lima traz o seu nome em homenagem ao seu empenho e sua ajuda espiritual e material - Diminuída suas forças, ele retirou-se para a casa dos vicentinos e a partir de 2006 ao Centro Diocesano de Espiritualidade (antigo Seminário Menor)

– 31.12.2017 falecimento

- enterro 01.01.2018 na cripta dos bispos na catedral Nossa Senhora da Glória, em Cruzeiro do Sul – AC



Fotos do 25º aniversário do bispo (14.11.2004):

Hoffnungshof Maria Magdalena
Hoffnungshof Maria Magdalena

Fotos do funeral:

Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst Beerdigung von Dom Ludwig Herbst


Por ocasião de sua renúncia, Dom Luís me concedeu uma entrevista – as perguntas e respostas eram mais ou menos as seguintes:

- O dia mais belo? O de hoje.
- A coisa mais fácil? Errar.
- O maior obstáculo? O medo de errar.
- A raiz de todos os males? O egoísmo.
- A distração mais bela? O trabalho.
- A pior derrota? O desânimo.
- Os melhores professores? As crianças.
- O que faz-lhe mais feliz? Ser útil aos demais.
- O pior defeito? O mau-humor.
- A pessoa mais perigosa? O mentiroso.
- O sentimento mais ruim (em português não existe essa expressão e sim “pior”)? O rancor.
- O presente mais belo? O perdão.
- A rota mais agradável? O caminho certo.
- A sensação mais agradável? A paz interior.
- A proteção mais efetiva? O sorriso.
- O melhor remédio? O otimismo.
- A força mais potente do mundo? A fé.
- As pessoas mais necessárias? Os amigos.
- A maior preocupação? O seminário e as vocações.
- A maior alegria? De ter ordenado os primeiros seminaristas.
- O livro mais belo? – O Novo Testamento.
- A mais bela de todas as coisas? O amor.
- O maior mistério? A morte.
- „Muito obrigado pela entrevista – e ainda muitos anos felizes!“ – „Muitos anos felizes? Eu quero mais: Quero uma eternidade feliz! – Ó Senhor, eu cantarei eternamente o Vosso amor“ – „Amém – assim seja!“

A entrevista caracteriza e mostra bem o ânimo e a espiritualidade de Dom Luis!! –
Pe. Heriberto Douteil, CSSp.; fotos: Museu missiológico Cruzeiro do Sul

O bispo Ludwig Herbst foi obrigado ingressar nas tropas de Hitler, levou um tiro da cabeça e morava até a morte no interior do Acre.

RIO BRANCO — A voz mansa e serena seduziu a qualquer um. Aos 92 anos — completados em novembro de 2017 — faleceu no dia 31.12.2017 o bispo emérito dom Ludwig Herbst, ou simplesmente Dom Luís, como era carinhosamente chamado em Cruzeiro do Sul, no Acre, onde viveu há 65 anos. Do porto do Rio de Janeiro, onde desembarcou escondido na terceira classe de um navio, o recém-ordenado padre Ludwig levou vários dias, a bordo de um velho avião da Força Aérea Brasileira, para colocar os pés em Cruzeiro do Sul.

Luis Herbst serviu forçado como todos os jovens da sua geração às forças de Hitler, levou um tiro na cabeça, mas acabou ordenado padre logo após o final de II Guerra Mundial. Antes chegar ao Vale do Juruá — a região mais ocidental do Brasil — com seus 28 anos de idade, d. Luís fez sua história pessoal – Nascido em Bardenberg, hoje subúrbio de Aachen, o menino Ludwig sonhava com a vida religiosa desde a tenra idade. Aos 12 anos ingressou no Seminário Menor dos Espiritanos, em Broichweiden, perto de sua casa, e depois por Knechtsteden e Donaueschingen. Mas a vida religiosa dele é abruptamente interrompida quando chegava aos 19 anos.

Era 1943. Seu país estava em plena II Guerra Mundial. É nesse cenário caótico que o jovem Ludwig Herbst, filho de um trabalhador das minas de carvão e de uma costureira, larga o seminário para servir às forças do ditador Adolf Hitler. E, por um milagre, não é mais uma vítima da própria guerra.

O ingresso dele nas forças alemãs se deu por pressão do vigoroso movimento jovem nazista. Optou pela Força Aérea em vez da Marinha, como sempre lhe recomendava sua mãe, Alexandrina. Ficou ali até o final da Guerra, em 1945. A sua estreia em campo de batalha por pouco não lhe tira a vida. Ao enfrentar as forças inimigas, Ludwig levou um tirou da cabeça. Era final de janeiro de 1945 — aquela II guerra mundial foi encerrada oficialmente no dia 2 de setembro daquele mesmo ano.

Retorno ao seminário

Com o fim da guerra, o jovem Ludwig (ou Luís) pôde retornar ao seminário. Em setembro de 1946, um ano após o fim da batalha e com a Alemanha derrotada, faz sua primeira profissão de fé em Menden, Sauerland. Depois de cinco anos de estudos é ordenado padre na basílica de Knechtsteden pelo então bispo-auxiliar de Colônia, d. Wilhelm Stockums.

Um ano depois, em 1952, o recém ordenado padre Luís deixa a Alemanha, embarca em um navio e cruza o Estreito de Gibraltar — uma separação natural entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, e entre o continente europeu e africano — com destino ao Brasil. Antes de desembarcar em solo brasileiro, Luís fez uma parada no Norte da África, onde sua congregação (os Espiritanos) sustem numerosas missões.

Chegando ao Brasil, o padre Luís Herbst é mandado direto para Amazônia. Seu destino é Cruzeiro do Sul, no Acre, onde passa a atuar ao lado do também padre alemão Henrique Rüth como missionário no vilarejo de Porto Walter, hoje município. Atuou como missionário entre 1953 e 1967, quando se torna vigário-geral da Prelazia do Alto Juruá. Doze anos mais tarde é nomeado bispo coadjutor de Cruzeiro do Sul com o direito de sucessão e, em 1980, com o lema "Veritas liberabit vos" — A verdade vos libertará (Jo 8,32) —, padre Luís Herbst é ordenado bispo da cidade que escolheu para viver e propagar o Evangelho.

"Ele [bispo dom Luís] era um encantador do povo com suas palavras. Com o Evangelho, ele emocionava a multidão e tinha prazer de evangelizar. Sempre foi sua maior paixão, sua maior alegria. Suas pregações cativam de mais, saíram do coração, com entusiasmo", conta a irmã que nos últimos anos cuidou com muito carinho de d. Luís.

Depois de meio século de trabalho dedicado aos pobres do Juruá, d. Ludwig (ou simplesmente Luís como os fiéis preferem) teve que se aposentar aos atingir 75 anos (é a idade limite imposta pelo Vaticano, para bispos). Mesmo assim, ele não saiu da cidade. Permaneceu em Cruzeiro do Sul, onde, todo o domingo celebrava a Missa na Catedral Diocesana Nossa Senhora da Glória. A construção é em estilo germânico, com forma octogonal e no seu interior possui um crucifixo do estilo gótico e um painel representando Nossa Senhora da Glória. Foi ele que reformou o telhado colocando chapas de cobre que sua irmã Gertrude tinha mandado da Alemanha.

Quando a saúde debilitada não lhe permitiu mais caminhadas longas - ele tinha cinco pontes de safenas e problemas cardíacos, sua pressão arterial oscilava bastante, e ainda sofria de diabetes – mudou para o antigo Seminário Menor, onde d. Luís recebeu seus visitantes — seja conhecidos ou desconhecidos — com um sorriso largo no rosto e o bom humor que lhe era peculiar. Com sua voz mansa e cativante, contava suas histórias de sua vida de missionário visitando o pessoal no interior ao longo do rio Juruá.

"A morte é um conforto"

D. Luís Herbst, que adotou a Amazônia como sua terra, vivia durante os últimos anos sob os cuidados especiais de médicos, enfermeiros e das irmãs Maria da Paz e Elisabete da congregação das irmãs franciscanas de São Jorge.

Com o agravamento dos problemas de saúde, d. Luís Herbst afastou-se das atividades religiosas oficiais da Igreja e escolheu o Acre para descansar. Para ele, o Acre era "o melhor lugar do mundo para morar". Confessava que "não sentia falta da confusão que é Rio Branco, o barulho, a agitação incomoda". Mas tinha sempre uma paixão reveladora por Cruzeiro do Sul. Nas idas e vindas ao encontro de sua irmã (mais nova e solteira) que morava na terra natal de d. Luís, na Alemanha, e que durante muitos anos tinha uma obra de assistência em favor do seu irmão bispo, ele disse que sempre retornava o mais rápido que possível para o Acre. Sua última visita a terra natal foi há cerca de dez anos, poucos anos antes do falecimento de sua irmã Gertrude.

Nos últimos anos de sua vida, abatido pela idade e as doenças, o bispo, apesar dos esforços, tinha dificuldades para recordar o passado, pois sofreu de esquecimentos espontâneos e da doença de Alzheimer e suas consequências. Confessava, por exemplo, francamente que a memória se tornou sua maior inimiga, e reconheceu que "deu trabalho para os médicos e as freiras" quando uma vez caiu e lesionou a cabeça.

Para o bispo, essas situações foram traduzidas como momentos de felicidade e afirmou estar "preparado para a morte". "Deixa ela [morte] vir, não chame ninguém, irmã, nem os médicos", falou Luiz para a irmã que cuidou dele. "Dom Luiz, diz que a morte será seu conforto, já que o céu é um paraíso", comentou certa vez a irmã.

Sem poder mais celebrar sozinho, ele acompanhava apenas os outros religiosos nas missas da paróquia Nossa Senhora Aparecida, que fica próxima de sua casa. Antes, era tradição ele ir à missa (e celebrar) de domingo na Igreja do bairro Copacabana. Cerca cinco anos atrás, devido às dificuldades para leitura, d. Luís foi recomendado a deixar de celebrar — ofício que ele exercia com esmero.

Falecimento e enterro

Depois de uma longa agonia e de ter recebido o sacramento da santa Unção dos enfermos véspera de Natal, ele faleceu tranquilamente no seu apartamento no dia 31.12.2017 - Seu enterro realizou-se no dia 01.01.2018 na Catedral Nossa Senhora da Glória na cripta dos bispos esperando a ressurreição da carne – sua alma, com certeza, fica esperando no céu na glória de todos os santos.

Texto usa partes de uma reportagem do jornalista FRANCISCO S. COSTA e CHICO ARAÚJO, Rio Branco, domingo, 25 de janeiro de 2009

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